
Por: Myllêna Sergel
Em um mundo onde tantos homens vivem atrás de máscaras, escondendo dores, dúvidas e fraquezas sob a armadura do trabalho, do status e da performance, o movimento Legendários tem feito o impensável: convidá-los a parar, olhar para dentro e, literalmente, subir montanhas em busca do seu propósito original.
“Nosso melhor não é uma versão perfeita. É quando o coração do homem se alinha com o propósito para o qual foi criado”, explica Chepe Putzu, presidente internacional da organização que já impactou milhares de vidas ao redor do mundo. E esse “melhor” não se encontra em cargos, fama ou músculos. Se encontra no silêncio da trilha, no peso da mochila, na lágrima que escorre ao liberar traumas guardados por décadas.



Mais do que um retiro: uma experiência de resgate
Os chamados TOPs, Track Outdoor de Potencial, são experiências vividas em ambientes extremos, como montanhas e trilhas desafiadoras. Mas diferente do que parece à primeira vista, a dificuldade física é apenas o palco. O verdadeiro desafio está no interior: encarar a si mesmo.
“Cada passo tem um significado espiritual. Cada carga, cada decisão, é pensada para confrontar a alma, não só o corpo”, compartilha Chepe. São dias de desconexão do mundo externo e reconexão com o que há de mais profundo em cada participante. Confissão, oração, mentorias e silêncio fazem parte da jornada. Ao fim, ninguém volta o mesmo.
Uma masculinidade com essência espiritual
Em tempos onde os debates sobre masculinidade muitas vezes geram extremos, ora fragilidade, ora agressividade , Legendários propõe um caminho centrado em Jesus. “Nosso modelo é Ele. Forte quando necessário, mas também terno, justo, compassivo. Ser homem não é gritar mais alto, mas saber liderar com humildade e servir com amor.”
Ao contrário do que muitos pensam, o movimento não cultua testosterona. Cultua transformação. É um chamado à maturidade, não à força bruta. E isso tem atraído homens de todas as idades, origens e histórias. De empresários a estudantes, de pastores a policiais, de adolescentes a avôs, todos com um desejo em comum: reencontrar o seu verdadeiro eu.

Mudança que começa em casa
Mais do que transformar indivíduos, Legendários quer transformar lares. “Se um homem muda, sua casa muda. E se a casa muda, a comunidade também pode ser transformada”, diz Chepe. E ele não fala em teoria. As histórias são muitas e impactantes.
Homens que voltaram para casa para pedir perdão aos filhos. Outros que romperam ciclos de vício. Muitos decidiram se batizar com suas famílias ou deixar empregos que feriam seus valores. Cada um, ao seu modo, decidiu sair da sobrevivência emocional para viver com propósito.
Da montanha para o cotidiano: a importância da comunidade
Mas o segredo não está apenas na experiência da montanha. Está no que vem depois. Por isso, o movimento criou tribos em mais de 170 cidades ao redor do mundo, pequenos grupos de apoio, discipulado e prestação de contas.
“Uma experiência sem comunidade se perde como fumaça. Por isso, criamos manadas, grupos onde os homens continuam caminhando juntos”, explica o líder. Além disso, há mentorias, formações, conteúdos digitais e projetos como o REM (Reto Extremo Matrimonial), voltado para casais, e o Legado, que fortalece vínculos entre pais e filhos.

Inclusão real: para todo homem, de qualquer lugar
Diferente do que possa parecer, Legendários não é para “homens padrão”. O movimento faz questão de deixar claro que não importa o nível de fé, condição financeira ou aparência. O único requisito é estar disposto. “Não treinamos corpos, treinamos corações”, afirma Chepe.
A missão é clara: despertar homens para que vivam com autenticidade, responsabilidade e fé. E a transformação é acessível a todos, sem distinção.
Olhar para o futuro com responsabilidade
Hoje, com mais de 235 mil seguidores nas redes sociais e presença em diversos países, o movimento se prepara para uma nova fase. Os próximos passos envolvem levar a visão a escolas, empresas e até governos. “Queremos impactar não só igrejas, mas estruturas da sociedade. O mundo precisa de homens despertos, e essa é a nossa missão”, projeta Chepe.
Liderança com propósito
Para ele, ser presidente do movimento não é uma posição de prestígio. É uma missão. “Eu não me vejo como presidente. Me vejo como um servo. Jesus é o verdadeiro líder deste movimento. Eu apenas disse ‘sim’.”
E o seu maior legado? “Que meus filhos vejam um pai coerente. Que minha esposa saiba que estou ao lado dela e de Jesus. Se eu conseguir isso, o resto é bônus.”
Um chamado para todos os homens
Legendários não é apenas sobre trilhas ou acampamentos. É sobre identidade. Sobre curar feridas silenciosas, restaurar famílias, e viver uma fé que se manifesta em atitudes.
É sobre deixar de sobreviver… para, finalmente, viver.
