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Por trás do sorriso confiante e do olhar expressivo de Vaniny Alves, existe uma história que começou sob os holofotes, literalmente.


Nascida em 1992, em Fortaleza, Ceará, ela veio ao mundo já envolta pelo brilho das câmeras. “Na época, o meu pai era apresentador de televisão. A emissora onde ele trabalhava, chamada Jangadeiro, estava passando por uma reformulação de imagem e programação, e durante algum tempo usaram as imagens do meu nascimento como parte de uma campanha publicitária sobre ‘algo novo que estava nascendo”, recorda, com um sorriso nostálgico.

Desde o primeiro choro, parecia que a vida já lhe apontava um destino: os palcos, as câmeras e a arte.
Mas, embora sua história tenha começado no Brasil, o roteiro logo ganharia novos cenários e atravessaria oceanos.

Entre canções e mudanças: as raízes da artista

Quando o pai deixou a televisão, ele e a mãe de Vaniny decidiram seguir outro caminho artístico: criaram uma banda de pagode chamada Magia da Pele. O empresário era português, e foi assim que Portugal entrou na vida da família pela primeira vez.
“A banda chegou a fazer algumas turnês por aqui, e foi durante uma dessas viagens que meu pai conheceu um português que o convidou para cantar em seu bar”, conta.

Algum tempo depois, a banda encerrou as atividades, e o pai aceitou o convite, mudando-se sozinho para Portugal.
Enquanto isso, Vaniny e a mãe viveram entre São Paulo e Vitória, no Espírito Santo. “Seis meses depois, nós viemos nos reunir com ele em Portugal”, relembra.

Foi em Lisboa que as memórias da infância começaram a ganhar cor e forma. “Aqui tenho lembranças muito mais vivas, já que eu tinha entre 7 e 8 anos. Grande parte das minhas melhores amigas moram aqui, e me sinto realmente em casa neste país.”

E, de certa forma, o palco sempre a esperou. “Acredito que eu só teria duas opções: ou odiar completamente o entretenimento, ou amá-lo. No meu caso, foi amor”, confessa.
Cresceu cercada por música, dormindo entre instrumentos, assistindo aos ensaios da banda e acompanhando os pais nas apresentações. “Lembro de adormecer dentro da caixa onde guardavam o teclado”, conta, rindo.

De Lisboa a Maputo: uma nova fase de vida

Depois de cinco anos em Portugal, uma nova oportunidade levou a família para outro continente. O pai recebeu uma proposta para abrir um bar em Moçambique, e lá foram todos para a cidade de Maputo, onde Vaniny viveria pelos próximos quinze anos.

“Tenho um amor e um respeito imenso por Moçambique e por todos os moçambicanos. Foi lá que comecei a minha vida profissional. Além disso, apesar de ter tido uma base sólida de educação em casa, vi de perto realidades muito diferentes da minha. Isso fez com que eu amadurecesse como ser humano, me tornasse mais empática e grata.”

Foi também ali que a artista começou a florescer.
Criou a sua primeira banda, cantou em bares, casamentos, festas e chegou a fazer os seus próprios shows. A música corria-lhe nas veias, mas Vaniny queria mais. Queria entender o que havia por trás da arte que fazia vibrar o coração.

Da prática ao estudo: o nascimento da artista completa

Quando terminou o ensino fundamental, tomou uma decisão que mudaria o rumo da sua carreira. “Senti que precisava aprofundar os meus conhecimentos e me tornar não só uma artista prática, mas também uma estudiosa”, explica.
Escolheu o curso de Artes Performativas, para aperfeiçoar a técnica e unir o talento ao conhecimento.

Mas o jornalismo também cruzou seu caminho, uma herança direta do pai. “Por ele ter trabalhado na área, achei que seria uma formação agregadora, que poderia abrir ainda mais portas. E de fato abriu.”

A carreira jornalística ganhou força quando passou a trabalhar na RTP África, onde entre 2020 e 2024 fez parte do programa Conversas ao Sul, entrevistando convidados e construindo pontes culturais.

A artista das múltiplas faces

Durante a pandemia, outro lado de Vaniny começou a brilhar: o de influenciadora digital.
“Até então, eu já tinha muitos seguidores por causa da música e da televisão. Mas durante a pandemia decidi investir mais no meu canal do YouTube e explorar outras coisas que eu gostava, como tutoriais de maquilhagem e dicas de beleza.”

Para ela, o conceito de “influencer” vai muito além das redes sociais. “Acredito que todos somos influenciadores, independentemente do número de pessoas que nos seguem.”
Com produções criativas e uma presença autêntica, Vaniny passou a compartilhar não só sua arte, mas também sua rotina de bem-estar e a paixão pelo universo fitness.

“Costumo dizer que treino o corpo na academia e a mente nos livros”, brinca. Leitora assídua de obras sobre espiritualidade e autoconhecimento, ela acredita que a arte e o equilíbrio interior caminham juntos.

Entre três continentes, uma só essência

Portugal, Brasil e Moçambique são três países que moldaram sua identidade. “Assim como não consigo separar os lugares onde cresci, também não consigo dividir as minhas expressões artísticas. Eu me considero uma artista completa, canto, apresento, escrevo, crio. Tudo faz parte de mim.”

Hoje, Vaniny continua a expandir seus horizontes. É presença constante em eventos culturais, produz conteúdo nas redes e prepara novas composições musicais.
Apesar dos desafios de se afirmar no competitivo mercado europeu, ela segue com serenidade e foco. “Portugal é um mercado pequeno e muito delicado, mas venho conquistando o meu espaço aos poucos.”

Olhar para o futuro com leveza e arte

O mundo, ela diz, está cada vez mais instável. Mas ainda assim, acredita nos sonhos e na força de quem escolhe seguir em frente.
“Quero investir cada vez mais na minha carreira musical e também no meu lado como influenciadora, especialmente na vertente fitness e saudável, que hoje faz parte de mim.”

De Fortaleza a Lisboa, de Maputo ao mundo, Vaniny Alves construiu sua trajetória com arte, coragem e autenticidade.

Do palco à tela, ela segue mostrando que quem nasce com luz, inevitavelmente, aprende a brilhar, em qualquer lugar.

Instagram: @vaninyalves