Na entrada de um pequeno ateliê improvisado em Londres, entre luz natural e tecidos alinhados com delicadeza, está uma mulher que carrega em si o brilho de quem sabe o valor dos seus passos. Rhafaella Morandi é estilista, modelo, empreendedora, mãe e, acima de tudo, uma sonhadora com os pés no chão, ainda que calce botas de estilo e use chapéus com flores feitas à mão.
Nascida em Londrina, no Paraná, o destino de Rhafaella já estava, de certa forma, alinhavado desde a infância. “Passava horas com costureiras, pedindo retalhos para fazer roupas de boneca”, relembra. No lugar dos brinquedos sofisticados, havia agulhas, linhas e a memória do crochê delicado que sua mãe fazia exclusivamente para ela.
Herança familiar: fé, feminilidade e força
Maria José Feitosa, sua mãe, tem muita feminilidade e é habilidosa. Foi ela quem despertou em Rhafaella o amor pelo vestir com identidade. Já de seu bisavô, um alfaiate do passado, herdou o olhar apurado para o caimento e os detalhes, uma herança silenciosa que hoje está presente em cada curva, dobra e flor aplicada nos chapéus da sua marca. Do pai, Marcos Morandi, agricultor e piloto, vieram a coragem e a resiliência. “Meu pai é um vencedor e sempre me inspirou”, conta com voz firme, mas emocionada.
Fora dos padrões: a menina que virou modelo
Rhafaella não nasceu para caber em moldes. Ainda adolescente, se destacou como garota do colégio, miss estudantil e até Miss Karatê , sempre buscando formas de expressão em um ambiente onde os recursos eram escassos. A caminhada, no entanto, não foi feita apenas de aplausos. Com corpo curvilíneo, ouvia com frequência que não se encaixava nos padrões da moda tradicional. No primeiro concurso, disseram que ela não teria chance. Ela foi. Se desafiou. E venceu.

Moda com alma: da passarela ao propósito
“Moda não é exposição, é expressão”, afirma. Com essa convicção, precisou, antes de conquistar passarelas, conquistar o próprio lar. A família, inicialmente, via o universo fashion com desconfiança. Rhafaella mostrou que moda, quando conduzida com essência, pode ser um canal de propósito. “É uma ferramenta que Deus nos deu. Através dela, podemos comunicar quem somos e como escolhemos viver.”
Aos 14 anos, firmou seu primeiro contrato como modelo profissional com a marca Olho de Gata. Mais tarde, cursou Medicina Veterinária, uma escolha influenciada pela vida no campo, mas seu coração tinha outros planos. “O que Deus planta dentro da gente floresce, cedo ou tarde.”

Ramoran: o nascimento da estilista
Assim nasceu a Ramoran, sua primeira marca autoral, unindo nome e sobrenome. O ateliê de roupas sob medida atraía atenção pela originalidade, mas sua visão de moda nem sempre era compreendida. Fotografava para outras lojas por amor à moda como movimento, mas era mal interpretada. Quando percebeu que seu espaço havia se tornado pequeno para a dimensão do seu sonho, decidiu recomeçar.


Nova terra, novo capítulo
Mudou-se para Balneário Camboriú, onde cursou Estilismo. Logo depois, viajou a Londres. Foi ali, em um cenário de tijolos vermelhos e céu nublado, que sua vida tomou um novo rumo. Conheceu seu futuro marido, casou-se e logo engravidou do filho Noah. Mãe, imigrante e empreendedora, tudo ao mesmo tempo.
“Minha família estava longe, e eu precisei passar a gestação sozinha. Engordei 27 quilos e pensei: minha carreira de modelo acabou”, relembra. Mas não acabou. Era só o início de outra etapa. “Quando Deus tem uma promessa na sua vida, tudo muda.”


O florescer da FANCY
Foi ali, entre fraldas e tecidos, que nasceu a FANCY, uma marca de chapéus e lenços premium, com flores feitas à mão e essência moldada pela fé. A ideia surgiu de algo muito pessoal: ela sempre usava chapéus em produções de moda, e os lenços vieram literalmente em sonhos. “Deus me revelou os lenços e me deu a direção de empreender de casa.” O negócio começou na cozinha, cresceu para a garagem, e hoje ocupa o “So Fancy Productions”, um estúdio cheio de identidade.

Um negócio de família, com alma
A FANCY é administrada em família. Vinicius Lombardi, seu marido, é fotógrafo, videomaker e proprietário de uma agência de marketing. Juntos, criam campanhas que exaltam a beleza feminina com elegância e verdade. Os chapéus, feitos em feltro 100% e palha natural, trazem sofisticação em cada traço. Já os lenços estampam releituras de grandes ícones da moda, como Gucci, Chanel e Burberry, mas com autenticidade e também com estampas autorais exclusivas da marca.

Fé como estilo de vida
“Ser imigrante, mãe e empreendedora exige fé todos os dias”, confessa. Mas a cada desafio, Rhafaella responde com resiliência. Continua modelando internacionalmente, médica veterinária por formação e estilista por paixão, formada em estilosmo, corte costura, consultoria de imagem, colorimetria, florista e passarela, costurando literalmente, sua identidade múltipla.
Hoje, Rhafaella Morandi é mais do que uma estilista. É uma mulher que vive o que prega: propósito. “Quero inspirar outras mulheres a se reconectarem com a feminilidade verdadeira. Não aquela sensualidade vazia, mas a beleza com essência, com verdade.”
E o futuro? “Quero viver tudo o que Deus tem para mim. Londres é a terra do meu propósito. Pedi que minha loja prosperasse, e hoje vivo algo muito além. Que Ele continue me dando visão vanguardista para olhar sempre para frente.”
Entre sonhos tecidos à mão e fé inabalável, Rhafaella segue seu caminho, onde cada chapéu carrega mais do que estilo: carrega história.
@rhafaellamorandi
@fancyhattwo
Por: Myllena Sergel





